segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

TRANSTORNOS QUE PODEM SER DESENVOLVIDOS DURANTE A INFÂNCIA

O pensar, a capacidade de utilizar uma linguagem escrita, falada ou ainda de experimentar sentimentos não nascem com a criança, estando profundamente relacionados ao seu desenvolvimento.
Desde o nascimento, o bebê vai tendo experiências na relação com a mãe ou com quem o cuida que lhe vão permitindo, de forma rudimentar, classificar "o que é igual ou diferente". Ao cuidar do bebê, a mãe deverá ser capaz de "traduzir", à sua maneira, as necessidades do mesmo. Os gestos ou tipos de cuidados fazem com que o bebê aprenda a discriminar as suas sensações do ambiente externo. Dessa maneira, é de suma importância que o cuidador tolere sensivelmente o desconforto do bebê, administrando os cuidados necessários afetivamente, para que dessa maneira a criança construa uma integrada condição emocional.
Existem, entretanto, transtornos que podem ocorrer no desenvolvimento da criança:
1 - Transtornos da aprendizagem, transtornos das habilidades motoras e transtornos da comunicação (linguagem)
Os transtornos da aprendizagem referem-se a dificuldades na leitura, na capacidade matemática ou nas habilidades de escrita, medidas por testes padrões que estão substancialmente abaixo do esperado, considerando-se a idade da criança, seu quociente de inteligência (QI ) e grau de escolaridade.
No transtorno das habilidades motoras, o desempenho em atividades diárias que exigem coordenação motora está abaixo do esperado para a idade, como por exemplo atraso para sentar, engatinhar, caminhar, deixar cair coisas, fraco desempenho nos esportes ou caligrafia insatisfatória. Muitas vezes essa criança é vista como desajeitada, tropeçando com freqüência ou inábil para abotoar suas roupas ou amarrar os cadarços do sapato.
Nos transtornos da comunicação a perturbação pode manifestar-se por sintomas que incluem um vocabulário limitado, erros grosseiros na conjugação de verbos, dificuldade para evocar palavras ou produzir frases condizentes com sua idade cronológica. Os problemas de linguagem também podem ser causados por perturbações na capacidade de articular sons ou palavras.
Não é raro a presença de mais de um desses transtornos de aprendizagem em uma mesma criança, muitas vezes estando associados com o transtorno de hiperatividade e déficit de atenção. O tratamento das dificuldades de aprendizagem inclui muitas vezes reforço escolar, tratamento psicopedagógico ou até mesmo encaminhamentos para escolas especiais, dependendo da gravidade do problema. A baixa auto-estima, a repetência escolar e o abandono da escola são complicações comuns nesses transtornos. Assim, a abordagem psicopedagógica e o aconselhamento escolar são cruciais. Pode estar indicada também tanto a psicoterapia individual quanto a de grupo ou familiar, conforme a situação. O tratamento com medicação está indicado apenas em casos comprovadamente associados a transtornos que exijam o uso de remédios, como o TDAH e quadros graves de depressão e fobia escolar.
2 - Transtorno do déficit de atenção-hiperatividade
As crianças com esse transtorno são consideradas, com freqüência, crianças com um temperamento difícil. Elas prestam atenção a vários estímulos, não conseguindo se concentrar em uma tarefa única e, assim, cometendo erros muitas vezes grosseiros. É comum terem dificuldade para manter a atenção, mesmo em atividades lúdicas e com freqüência parecem não escutar quando chamadas. Muitas vezes não conseguem terminar seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais. Têm dificuldade para organizar tarefas, evitando, antipatizando ou relutando em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante. Costumam perder facilmente objetos de uso pessoal. Esquecem facilmente atividades diárias.
A hiperatividade aparece como uma inquietação, manifesta por agitação de mãos ou pés e não conseguir permanecer parado na cadeira. São crianças que quase sempre saem de seus lugares em momentos não apropriados, correm em demasia, têm dificuldade de permanecer em silêncio, estando freqüentemente "a mil".
Outra característica desse transtorno é a impulsividade, que aparece em respostas precipitadas mesmo antes de as perguntas terem sido completadas. Com freqüência, são crianças que têm dificuldade de aguardar sua vez, interrompendo ou intrometendo-se em assuntos alheios.
O transtorno deve ser diagnosticado e tratado ainda na infância para não causar maiores prejuízos ao desenvolvimento interpessoal e escolar da criança. O tratamento inclui psicoterapia individual e, às vezes, terapia familiar. Quase sempre faz-se necessário o uso de medicação com um resultado muito satisfatório.
3 - Transtornos do Comportamento Disruptivo
Os transtornos da infância diretamente relacionados com o comportamento são os transtornos de oposição e desafio e o transtorno de conduta. São caracterizados por um padrão repetitivo e persistente de comportamento agressivo, desafiador, indo contra as regras de convivência social. Tal comportamento deve ser suficientemente grave, sendo diferente de travessuras infantis ou rebeldia "normal" da adolescência. O Transtorno de oposição e desafio (TOD) tem maior incidência na faixa etária dos 4 aos 12 anos e atinge mais meninos que meninas. Tem como característica um comportamento opositor às normas, discute com adultos, perde o controle, fica aborrecido facilmente e aborrece aos outros.
No Transtorno de Conduta, que é mais comum entre adolescentes do que crianças e é mais comum também entre meninos, o padrão disfuncional de comportamento é mais grave que no Transtorno de oposição e desafio. Eles freqüentemente agridem pessoas e animais, envolvem-se em brigas, em destruição de propriedade alheia, furtos ou ainda agressão sexual. Sérias violações de regras, como fugir de casa, não comparecimento sistemático à aula e enfrentamento desafiador e hostil com os pais também são sinais da doença. Esse transtorno está freqüentemente associado à ambientes psicossociais adversos, tais como: instabilidade familiar, abuso físico ou sexual, violência familiar, alcoolismo e sinais de severa perturbação dos pais.
A comorbidade desses transtornos com o abuso de substâncias e TDAH chega a quase 50%. O tratamento dos transtornos de oposição e de conduta envolve principalmente psicoterapia individual e familiar, e às vezes reclusão em unidades corretivas. O tratamento das comorbidades é fundamental e pode necessitar de medicação (nos casos de TDAH) ou até internação (em quadros graves de dependência química).
4 - Transtornos Depressivos na Infância
O reconhecimento de transtornos depressivos na infância ocorreu no final da década de 60. Surgiram então três conceitos:
• sintomas depressivos análogos aos dos adultos não existem;
• a depressão manifesta-se por sintomas específicos nessa faixa etária;
• a sintomatologia depressiva surge mascarada por outros sintomas ou síndromes,tais como hiperatividade, enurese, encoprese, déficit de aprendizagem e transtorno de conduta.
Transtornos depressivos ocorrem tanto em meninos quanto em meninas. Os sintomas de depressão podem ser : isolamento, calma excessiva, agitação, condutas auto e hetero-agressivas, intensa busca afetiva, alternando atitudes prestativas com recusas de relacionamento. A socialização está geralmente perturbada: pode haver recusa em brincar com outras crianças e dificuldade para aquisição de habilidades. As queixas somáticas são freqüentes: dificuldade do sono (despertar noturno, sonolência diurna), alteração do padrão alimentar. Queixas de falta de ar, dores de cabeça e no estômago, problemas intestinais e suor frio também são freqüentes.
A criança deprimida apresenta incapacidade para divertir-se, algumas vezes queixando-se de estar aborrecida. Assistem muita televisão não se importando qual seja o programa. A baixa auto-estima e a culpa excessiva, além da diminuição do rendimento escolar são característicos da depressão. Apresentam também muita irritabilidade, sendo descritas pelos pais como mal humoradas.
Os transtornos depressivos da infância podem ser classificados em duas formas bem distintas. A primeira delas, a distimia que, etmológicamente significa "mal-humorado", é uma forma crônica de depressão com início insidioso, podendo durar toda a vida da pessoa. Para firmar este diagnóstico é preciso que o humor seja depressivo ou irritável e esteja presente quase todos os dias por pelo menos um ano.
A outra forma de depressão, transtorno depressivo maior é caracterizada por períodos ou crises apresentando uma síndrome depressiva completa (todos os sintomas descritos anteriormente) por pelo menos duas semanas, causando importantes prejuízos na vida da criança. Podem estar presentes alucinações, ideação ou condutas suicidas. Essa crise é nitidamente diferente do funcionamento habitual da criança.
Os transtornos depressivos são bastante tratáveis hoje em dia, obtendo-se bons resultados. Pais que desconfiem que um filho sofra desse mal devem levá-lo a um psiquiatra ou serviço de psiquiatria para uma avaliação. O tratamento utiliza medicações antidepressivas e acompanhamento psicológico. Internações são necessárias em duas situações: quando o paciente fica psicótico (fora da realidade), o que é raro, ou quando existe risco de suicídio.
5 - Transtornos Globais do Desenvolvimento (Autismo Infantil)
Esse grupo de transtornos é caracterizado por severas anormalidades nas interações sociais recíprocas, nos padrões de comunicação estereotipados e repetitivos, além de um estreitamento nos interesses e atividades da criança. Costumam se manifestar nos primeiros cinco anos de vida . Existem várias formas de apresentação dos transtornos globais, não havendo até o presente momento um consenso quanto à forma de classificá-los.
A forma mais conhecida é o Autismo Infantil, definido por um desenvolvimento anormal que se manifesta antes dos três anos de vida, não havendo em geral um período prévio de desenvolvimento inequivocamente normal. As crianças com transtorno autista podem ter alto ou baixo nível de funcionamento, dependendo do QI, da capacidade de comunicação e do grau de severidade nos seguintes itens:

  • prejuízo acentuado no contato visual direto, na expressão facial, posturas corporais e outros gestos necessários para comunicar-se com outras pessoas.
  • fracasso para desenvolver relacionamentos com outras crianças, ou até mesmo com seus pais.
  • falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas (por exemplo: não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse ).
  • atraso ou ausência total da fala ( não acompanhado por uma tentativa para compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos ou mímicas ).
  • em crianças com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversa.
  • uso repetitivo de mesmas palavras ou sons.
  • ausência de jogos ou brincadeiras variadas de acordo com a idade.
  • a criança parece adotar uma rotina ou ritual específico em seu ambiente, com extrema dificuldade e sofrimento quando tem que abrir mão da mesma.
  • movimentos repetitivos ou complexos do corpo.
  • preocupação persistente com partes de objetos.

Outras formas de transtornos globais do desenvolvimento são:

  • Autismo atípico,
  • Síndrome de Rett,
  • Transtorno desintegrativo da infância,
  • Síndrome de Asperger.

O tratamento do transtorno autista visa principalmente uma educação especial com estimulação precoce da criança. A terapia de apoio familiar é muito importante: os pais devem saber que a doença não resulta de uma criação incorreta e necessitam de orientações para aprenderem a lidar com a criança e seus irmãos. Muitas vezes se faz necessário o uso de medicações para controlar comportamentos não apropriados e agressivos. O prognóstico destes transtornos é muito reservado e costumam deixar importantes seqüelas ou falhas no desenvolvimento dessas pessoas na idade adulta.
6 - Transtornos de Tique
A manifestação predominante nessas síndromes é alguma forma de tique. Um tique é uma produção vocal ou movimento motor involuntário, rápido, recorrente (repetido) e não rítmico (usualmente envolvendo grupos musculares circunscritos), sem propósito aparente e que tem um início súbito. Os tiques motores e vocais podem ser simples ou complexos. Os tiques simples em geral são os primeiros a aparecer. Podem ser:

  • tiques motores simples: piscar os olhos, balançar a cabeça, fazer caretas.
  • tiques vocais simples: tossir, pigarrear, fungar.
  • tiques motores complexos: bater-se, saltar.
  • tique vocal complexo: coprolalia (uso de termos chulos), palilalia (repetição das próprias palavras), ecolalia (repetição de palavras alheias).

O tratamento requer medicação e psicoterapia, principalmente para diminuir o isolamento social que comumente ocorre nesse transtorno.
7 - Transtornos da Excreção
Esse transtorno inclui a enurese e a encoprese . A enurese é caracterizada por eliminação de urina de dia e/ou a noite, a qual é anormal em relação à idade da criança e não decorrente de nenhuma patologia orgânica. A enurese pode estar presente desde o nascimento ou pode surgir seguindo-se a um período de controle vesical adquirido. A enurese não costuma ser diagnosticada antes da criança completar cinco anos de idade e requer, para ser caracterizada, uma freqüência de duas vezes por semana, por pelo menos três meses.
A encoprese é a evacuação repetida de fezes em locais inadequados (roupas ou chão), involuntária ou intencional. Para se fazer o diagnóstico é preciso que esse sintoma ocorra pelo menos uma vez por mês, por no mínimo três meses em crianças com mais de quatro anos. Ambas patologias podem ocorrer pelo nascimento de um irmão, separação dos pais ou outro evento que possa traumatizar a criança. A encoprese deliberada pode significar grave comprometimento emocional. Ambas podem durar anos, mas acabam evoluindo para uma remissão espontânea. Esses transtornos comumente geram intenso sofrimento na criança, levando a uma estigmatização, com conseqüente baixa da auto-estima. Geram também isolamento social e perturbações no ambiente e nas relações familiares.
O tratamento abrange psicoterapia e utilização de medicamentos.
8 - Transtornos de Ansiedade na Infância
A ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo e apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivados de uma antecipação de perigos. As crianças em geral não reconhecem quando seus medos são exagerados ou irracionais. Uma maneira prática de diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, auto limitada e relacionada ao estímulo do momento. Os sintomas de ansiedade podem ocorrer em varias outras condições psiquiátricas tais como: depressões, psicoses, transtornos do desenvolvimento, transtorno hipercinético, entre outros. A causa dos transtornos ansiosos infantís é muitas vezes desconhecida e provavelmente multifatorial, incluindo fatores hereditários e ambientais diversos, com o peso relativo de cada fator variando de caso a caso.
9 - Transtorno da Ansiedade de Separação
Esse é o mais comum dos transtornos de ansiedade, acometendo 4% das crianças. Caracteriza-se por uma ansiedade não apropriada e excessiva em relação à separação do lar (pais) ou de figuras importantes cuidadoras para a criança, inadequada para a fase do desenvolvimento da criança. Essas crianças, quando ficam sozinhas, temem que algo possa acontecer para elas ou para seus cuidadores (acidentes, seqüestro, assaltos, ou doenças) que os afastem definitivamente de si. Demonstram um comportamento excessivo de apego aos seus cuidadores, não permitindo o afastamento desses ou telefonando repetidamente para eles afim de tranqüilizar-se sobre seus temores. É comum nessas crianças a ocorrência de recusa escolar. Se a criança sabe que seus pais vão se ausentar apresenta manifestações somáticas de ansiedade (dor abdominal, dor de cabeça, náusea, vômitos, palpitações, tonturas e sensação de desmaio). Em muitos casos de crianças afetadas os pais foram ou são portadores de algum transtorno de ansiedade.
A perturbação tem uma duração mínima de quatro semanas e causa sofrimento significativo no funcionamento da vida da criança.
O tratamento requer psicoterapia individual com orientação familiar e intervenções farmacológicas quando os sintomas são graves e incapacitantes. Quando há recusa escolar, o retorno às aulas deve ser o mais rápido possível para evitar cronicidade e evasão. É muito importante haver uma sintonia entre pais, escola e terapeuta.
10 - Fobias específicas e Fobia social
As fobias específicas são definidas pela presença de medo excessivo e persistente, relacionado a um determinado objeto ou situação. Exposta ao estímulo fóbico, a criança procura correr para perto de um dos pais ou de alguém que a faça sentir-se protegida. Pode apresentar crises de choro, desespero, imobilidade, agitação psicomotora ou até mesmo ataque de pânico. Os medo mais comuns na infância são de pequenos animais, injeções, escuridão, altura e ruídos intensos. Essas fobias diferenciam-se dos medos normais da infância por serem reações excessivas, não adaptativas e que fogem do controle da criança.
Na fobia social a criança apresenta um medo persistente e intenso de situações onde julga estar exposta à avaliação de outros , tendendo a sentir-se envergonhada ou humilhada. Essas crianças relatam desconforto em situações como :

  • falar em sala de aula,
  • comer junto a outras crianças,
  • ir a festas,
  • escrever na frente de outros colegas,
  • usar banheiros públicos.

Quando expostas a essas situações é comum apresentarem sintomas físicos como palpitações, tremores, calafrios, calores, sudorese e náusea.
O tratamento mais utilizado para essas fobias tem sido a psicoterapia cognitivo-comportamental.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Para Refletir

AO CONTRÁRIO, AS CEM EXISTEM
(LORIS MALAGUZZI)

“A CRIANÇA
É FEITA DE CEM.
A CRIANÇA TEM
CEM MÃOS
CEM PENSAMENTOS
CEM MODOS DE PENSAR
DE JOGAR E DE FALAR.
CEM SEMPRE CEM
MODOS DE ESCUTAR
AS MARAVILHAS DE AMAR.
CEM ALEGRIAS
PARA CANTAR E COMPREENDER.
CEM MUNDOS
PARA DESCOBRIR.
CEM MUNDOS
PARA INVENTAR.
CEM MUNDOS
PARA SONHAR.
A CRIANÇA TEM
CEM LINGUAGENS
(E DEPOIS CEM CEM CEM)
MAS ROUBARAM-LHE NOVENTA E NOVE.
A ESCOLA E A CULTURA
LHE SEPARARAM A CABEÇA DO CORPO.
DIZEM-LHE:
DE PENSAR SEM AS MÃOS
DE FAZER SEM A CABEÇA
DE ESCUTAR E DE NÃO FALRA
DE COMPREENDER SEM ALEGRIAS
DE AMAR E MARAVILHAR-SE
SÓ NA PÁSCOA E NO NATAL.
DIZEM-LHE:
DE DESCOBRIR O MUNDO QUE JÁ EXISTE
E DE CEM
ROUBARAM-LHE NOVENTA E NOVE.
DIZEM-LHE:
QUE O JOGO E O TRABALHO
A REALIDADE E A FANTASIA
A CIÊNCIA E A IMAGINAÇÃO
O CÉU E A TERRA
A RAZÃO E O SONHO
SÃO COISAS
QUE NÃO ESTÃO JUNTAS.
DIZEM-LHE:
QUE AS CEM NÃO EXISTEM
A CRIANÇA DIZ:
AO CONTRÁRIO, AS CEM EXISTEM”.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Socialização e Adaptação




Um tempo de conquistas e descobertas.




A adaptação na escola é um período de mudança, um momento frágil para os pais e a criança.
No maternal até os três anos de idade se tem um período de adaptação mais difícil porque a criança já estranha as pessoas e os ambientes e não consegue compreender claramente o que significa a escola, podendo tecer a percepção de abandono quando os pais se ausentam e a deixam com pessoas que ela nunca viu antes. Neste período é preciso ter muita paciência e procurar entender o momento que ela está passando. Por isso, deve-se evitar uma ruptura brusca dos vínculos afetivos da criança. Pede-se para que um dos pais ou um parente que a criança tenha bastante intimidade permaneça na recepção da escola durante os primeiro dias enquanto ela vai para a salinha de aula. Desta forma, sempre que a criança sente-se insegura, ansiosa ou começa a chorar, os educadores a trazem até esta pessoa para que ela receba o seu afeto e não se sinta abandonada. Outro ponto importante é o consentimento dos pais com este tipo de estratégia, permitindo que a criança explore o novo ambiente sozinha e comece a criar vínculos com os educadores e os coleguinhas.
Com o passar do tempo, a criança começa a criar os vínculos necessários para adquirir confiança nos educadores e nos coleguinhas e a partir do momento em que o medo do novo acaba, ela começa a perceber como é divertido e gostoso o ambiente escolar, aonde ela vai adquirir uma formação pessoal e social convivendo com os amiguinhos da mesma faixa etária e vai começar um processo de aprendizado que irá desde a descoberta das possibilidades de seu corpo até o conhecimento dos espaços e do significado da escola.
Quando o processo de adaptação se dá na faixa etária dos quatro aos seis anos, quando a criança já tem a capacidade de verbalizar seus sentimentos e de entender bem o que acontece ao seu redor, ele se torna bem mais simples, não passando de um ou dois dias para que ela já esteja bem familiarizada com o novo ambiente, divertindo-se e aprendendo. Um fato comum neste início é a ansiedade e alguma manha que surge como forma de protesto para aceitar o novo ambiente, principalmente porque em casa ela domina o seu espaço e na escola ela terá que dividir não somente o espaço, mais a atenção da professora com os colegas de sala. A família tem um papel fundamental que é o de não demonstrar a sua apreensão para a criança, eles devem procurar reforçar os pontos positivos da escola, demonstrando entusiasmo com os novos amiguinhos, com a professora, com as brincadeiras e atividades do aluno. Também se observa que algumas crianças apresentam pequenas dores de barriga, de cabeça ou febre perante o desafio da mudança do ambiente de casa para a escola.
Outro ponto importante é saber que quando a criança chora ela não está querendo dizer que não gosta da escola, na verdade ela nem conhece este ambiente porque até então ainda não tinha frequentado. O choro é uma forma dela expressar uma condição nova e que não entende porque a mãe a deixou sozinha com pessoas que ainda não tem um vínculo de afeto.
Senhores pais, observem abaixo alguma dicas para o processo de adaptação:
1 - A escola deve ser uma extensão da casa da criança, tanto para ela quanto para os pais. Se os pais se sentem seguros como se estivessem em suas casas, certamente deixarão seus filhos na escola e irão trabalhar tranquilos. Por isso, é importante que a escolha da escola seja uma decisão bem pensada.
2 - Os pais devem preparar a criança para vir para a escola, mas não devem se alongar nas explicações a fim de evitar desconfianças.
3 - Os pais devem ter consciência de que a adaptação é dolorida, mas é bastante rápida.
4 - A criança constrói vínculos e por isso costuma querer trazer consigo uma fraldinha, um paninho, a chupeta etc, como uma forma de manter-se ligada com o seu ambiente familiar. E como ela vai estar mudando de ambiente, é interessante não expô-la a muitas mudanças tipo trocar de quarto, de mobília, viagens ou expô-la à tristeza do falecimento de um ente próximo.
5 - Quando a mãe entrega a criança na escola, frequentemente elas choram e isso não quer dizer que ela não queira ficar.
6 - A recíproca também é verdadeira, a fato da criança não chorar não significa que ela não esteja sentindo a adaptação. O importante é não forçar e ter bastante paciência deixando-a adaptar-se no seu tempo.
7 - É muito importante evitar que a criança presencie comentários sobre o seu processo de adaptação e nunca faça comparações com o processo de adaptação de outras crianças.
8 - Outro ponto importante é evitar que a educadora retire a criança do colo da mãe. O melhor é que a mãe coloque a criança no chão e a incentive a entrar na escola na companhia da educadora; A educadora até pode pegar a criança do chão para colocar em seu colo, mas nunca deve pegar diretamente do colo da mãe.
9 - A sinceridade é muito importante para manter o vínculo de confiança, por isso, nunca saia escondido, despeça-se naturalmente.
10 - Não é interessante que os pais fiquem dentro das salas de aula ou nos espaços internos porque isto dificulta o processo de adaptação já que a criança fica impossibilitada de entender a separação temporária e faz com que as demais crianças passem a cobrar a presença de seus pais.
11 - Os pais devem vir participar da primeira reunião do ano para conhecer a educadora e passar a incentivar o filho a procurá-la para facilitar a construção de vínculos.
12 - É importante os pais conversarem com a criança sobre a necessidade da educadora dividir a sua atenção com os coleguinhas.
13 - A confiança dos pais na escola é um sentimento positivo que certamente é passado para a criança no processo de adaptação, por isso é muito importante pesquisar a instituição antes de efetuar a matrícula.
14 - Cada criança tem um período individual e único de adaptação. Há aquelas que choram no primeiro dia, as que não choram e as que exploram a escola durante a primeira semana por tudo ser novidade e na semana seguinte não querem mais voltar, gerando uma desconfiança nos pais sobre o que pode ter acontecido para esta mudança de comportamento.
15 - Interrogar a criança sobre o seu dia na escola pode transmitir um sentimento de insegurança. Deixe-a falar com naturalidade e a incentive quando assim começar.
16 - Poderão ocorrer algumas regressões de comportamento durante o período de adaptação, assim como alguns sintomas psicossomáticos (febre, vômitos etc.).
17 - É comum surgir simultaneamente a necessidade de segurança e o desejo de independência. Ao mesmo tempo que ela se sente insegura ela quer fazer as coisas sozinha.

Em caso de dúvidas quanto ao comportamento de seu filho ou quanto às condutas adotadas pela escola, procure a direção que estará à sua disposição para esclarecê-lo e ajudá-la sempre que necessário.

Como escolher a escola do seu filho?

rimeiro passo na escolha de uma instituição de ensino é definir, com clareza, quais são as expectativas e anseios dos pais e do aluno, para, então, buscar uma escola cuja proposta esteja em harmonia com os valores da família. Isso porque o aprendizado também depende de que família e escola formem uma parceria e estabeleçam laços. Assim, a instituição torna-se uma extensão da própria casa do estudante, fazendo com que ele se sinta integrado ao ambiente escolar.
Para chegar à parceria, no entanto, a escolha de uma instituição de ensino precisa ser pautada pela análise minuciosa das instalações – que devem refletir a adequação à proposta pedagógica –, do preparo dos professores, dos projetos desenvolvidos e da qualidade do material didático e das aulas. Para isso, vale conversar com familiares e com os próprios alunos que já estudam na instituição, analisando não apenas o que dizem, mas, principalmente, o comportamento dos cidadãos formados pela escola. O legado da instituição são as pessoas que por ela passaram e, portanto, sua postura diante da sociedade diz muito sobre o trabalho que a escola realiza.
Que critérios usar para escolher a melhor Escola?
Na hora de escolher, alguns itens básicos devem ser analisados:
• Projeto pedagógico e plano de estudos. Analisar os desafios emocionais e cognitivos propostos e os objetivos aos quais se quer chegar ;
• Espaço físico;
• Pracinhas ou áreas ensolaradas para atividades ao ar livre;
• Ambientação adequada, evidenciando o cuidado necessário com a harmonia e funcionalidade dos espaços;
• Segurança física das instalações: banheiros apropriados para crianças, pátios reservados, bebedouros com altura acessível;
• • Profissionais disponíveis para monitorar corredores e pátios;
• Atividades especializadas, como uso de tecnologias, expressão corporal, música, entre outras;
• • Acolhida e receptividade dos educadores para com as crianças;
• Qualificação do corpo docente.

evando em consideração todos esses aspectos, não há como errar na escolha. Afinal, todo o pai quer deixar para seu filho uma educação de qualidade, que forma cidadãos atuantes e integrados à sociedade, com bons relacionamentos para a vida adulta, capazes de superar desafios e que encontrem seu espaço no mercado de trabalho, tenham êxito e sejam felizes.


Dúvidas


Gostaria que fosse explicitada a diferença entre a psicologia escolar e a psicopedagogia :
Podemos diferenciar a Psicopedagogia da Psicologia Escolar de três formas:
1. diferença quanto à origem histórica:
A Psicologia Escolar surgiu para explicar o fracasso escolar, enquanto a
Psicopedagogia surgiu como um trabalho clínico dedicado ao trabalho com aqueles que apresentavam dificuldades na aprendizagem por problemas específicos.
2. diferença quanto à formação:
A Psicologia Escolar é uma especialização do curso de graduação em Psicologia, enquanto o curso de Psicopedagogia é um curso de especialização, que recebe graduados em diversos cursos.
3. diferença em relação ao campo de atuação:
Talvez esta seja a diferença mais significativa. O trabalho da Psicologia Escolar se realiza nos limites da Psicologia, enquanto o trabalho Psicopedagógico se realiza na interface da Psicologia e da Pedagogia ou, mais recentemente, na interface da Psicanálise e da Pedagogia. Neste último caso, busca entender e intervir no processo de ensino e aprendizagem, levando em conta o inconsciente e a relação transferencial.
Qual o trabalho que a psicopedagogia poderia oferecer no trabalho de coordenação da Educação Infantil - creches e escolas?
A contribuição da Psicopedagogia na Educação Infantil
Embora a Psicopedagogia esteja voltada para o processo de aprendizagem formal e seus problemas, pode contribuir com o trabalho realizado na Educação Infantil, sobretudo na prevenção de futuros problemas de aprendizagem. Nesse sentido, pode oferecer parâmetros do desenvolvimento infantil e do processo de organização psíquica. Estes parâmetros podem apontar direções para o planejamento de atividades a serem realizadas com as crianças, assim como sinalizar eventuais dificuldades que as crianças dessa faixa etária podem apresentar.
Adiantando alguma coisa sobre isso pode-se dizer que a brincadeira é a atividade privilegiada da infância. Isso lhe ajuda tanto na sua constituição psíquica como no seu processo de desenvolvimento, de aprendizagem e de socialização. Os educadores que se dedicam aos pré-escolares devem ter isso em mente e privilegiar também essa atividade na proposta de tarefas.
Se houver interesse de sua parte no curso de Psicopedagogia, acho que é importante buscar um que contenha uma disciplina dedicada aos jogos e brincadeiras.
Qual a distinção entre Psicopedagogia, Psicologia Educacional e Orientação Educacional ?
Esta distinção poderá ser feita a partir das informações contidas nos códigos de ética dessas ocupações. As funções de Psicólogo Escolar e Orientador Educacional já possuem uma tradição na estrutura institucional. A função do Psicopedagogo Institucional é mais recente em nosso meio e sua importância tem sido reconhecida a ponto de que hoje há concursos públicos para esta função em Escolas Públicas.
A Psicopedagogia na sua origem no Brasil, esteve voltada para atender crianças com dificuldades de aprendizagem dentro de um contexto clínico. Atualmente a Psicopedagogia também vem contribuindo na área da prevenção das dificuldades de aprendizagem, bem como desenvolvendo programas que visam promover a integração dos alunos com dificuldades de aprendizagem. O Psicopedagogo institucional atende professores e os alunos dentro da escola.
Qual o histórico da Psicopedagogia no Brasil?
A Psicopedagogia no Brasil enquanto área de atuação é sustentada por referenciais teóricos, isto é uma práxis psicopedagógica . É reconhecida academicamente através das produções científicas materializadas em teses, publicações e reuniões científicas organizadas pelo nosso órgão de classe Associação Brasileira de Psicopedagogia e por outros órgãos representados pelos profissionais e áreas afins. A formação é feita em cursos de especialização em universidades públicas e particulares. Não há atualmente, portanto, como desconhecer o papel relevante desta profissão que tem contribuído para a integração de crianças, adolescentes e adultos que por diferentes razões estão desarticulados do sistema escolar e de instituições onde a aprendizagem é o centro. Diferentemente dos primórdios do movimento educacional preocupado em compreender as razões do insucesso das crianças na escola, buscando apenas no aluno as respostas, a tendência contemporânea é considerar o insucesso enquanto sintoma social e não apenas como uma patologia do aluno. Hoje é inegável o reconhecimento da contribuição social e científica da Psicopedagogia e dos Psicopedagogos na realidade brasileira. Embora nossa referência seja a Psicopedagogia, enquanto área de atuação preocupada com a questão da aprendizagem humana, sabemos que muitos são os estilos dos psicopedagogos, pois cada um os constrói a partir de sua singularidade, a qual determina as diferentes opções pelos modelos e referenciais teóricos. Entende-se que existe uma profunda relação e entrelaçamento entre os aspectos teóricos, a formação e o modus operandi do profissional. Como não há uniformidade de modelos teóricos, não há uma única práxis psicopedagógica. O fundamental é desencadear a consciência do compromisso na formação profissional. É a formação continuada que fundamenta a práxis psicopedagógica. Para que o tripé modelos teóricos/ formação/ modus operandi se sustente, hoje é preciso fazer uma distinção entre legitimidade e legalização. A legitimidade da Psicopedagogia enquanto praxis e do Psicopedagogo enquanto profissional, já foi alcançada. É preciso agora legalizar/oficializar através de leis o que já está legitimado.
Como surgiu a Psicopedagogia?
A psicopedagogia surgiu da necessidade de atender a crianças com problemas de aprendizagem como uma forma de re-educação escolar. Hoje os estudos estão muito desenvolvidos e os trabalhos, que inicialmente confundiam-se com um reforço pedagógico (sem propiciar os resultados desejados) mostram-se bem distantes desta visão.
Para se inteirar do percurso da Psicopedagogia é recomendodo o livro "A psicopedagogia no Brasil" de Nadia Bossa.
Qual a perspectiva de mercado de trabalho, fora da instituição escolar, para o Psicopedagogo?
A Psicopedagogia ainda é muito recente e carece de muito estudo e pesquisa. Depende não só das gerações passadas, dos "desbravadores" deste campo, mas também das novas gerações de profissionais ousarem e produzirem trabalhos e pesquisa com qualidade científica para dar continuidade ao trabalho já começado. Atualmente, além da Instituição Escolar, desenvolvem-se também as áreas hospitalar e empresarial, além da clínica clássica.
Como se dá a atuação do psicopedagogo nas áreas hospitalar e empresarial?
Como em toda instituição, ele tem vários tipos de atuação. Pode, por exemplo, trabalhar com crianças hospitalizadas e seu processo de aprendizagem, poderá também estar trabalhando com a equipe multidisciplinar dessa instituição, tais como psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e médicos. No campo empresarial, o psicopedagogo poderá estar contribuindo com as relações, ou seja, com a melhoria da qualidade das relações inter e intra pessoais das pessoas que trabalham na empresa.
Quais são os problemas de aprendizagem e suas características?
A sua pergunta é aparentemente simples, mas na verdade envolve o cerne da psicopedagogia e dos referenciais teóricos que a sustentam, pois é preciso ter um conceito de aprendizagem e um conseqüente conceito de problema de aprendizagem para se realizar o trabalho psicopedagógico, tanto no que diz respeito ao diagnóstico como no que diz respeito à intervenção. Seria impossível explorar estes conceitos aqui, mas remeto você aos números 55 e 56 da Revista Psicopedagogia que contêm os textos do Forum realizado pela ABPp em 2002 sobre avaliação psicopedagógica. Certamente lá você encontrará definições de problemas de aprendizagem. No número 55 há um texto da psicopedagoga Denise Gouveia em co-autoria com a Edith Rubinstein que define aprendizagem e problema de aprendizagem. De toda forma, é possível dizer alguma coisa sobre os problemas de aprendizagem, nos limites deste espaço. Primeiro é preciso ter bastante claro que os problemas de aprendizagem sempre se apresentam na aprendizagem formal ou na escolaridade formal. Não podemos ainda nos esquecer da afirmação de Sara Pain de que os problemas de aprendizagem não são equivalentes aos problemas orgânicos, ou seja, não devem ser confundidos com rebaixamento cognitivo nem com dificuldades especificas de linguagem, motricidade, etc, embora seja importante num diagnóstico ter esse dado, pois pode haver também problema de aprendizagem numa criança que apresente esses problemas. Os problemas de aprendizagem dizem respeito, portanto, a desequilíbrios dos aspectos envolvidos na aprendizagem. Estes aspectos recebem inúmeras denominações, na nomenclatura psicopedagógica (subjetividade e objetividade, cognição e afetividade, etc), mas em termos práticos podemos dizer que eles dizem respeito ao conteúdo e à forma.
Explicando melhor, os conhecimentos socialmente compartilhados são conteúdos que se apresentam sob determinada forma. Para saber se há um problema de aprendizagem é preciso ter primeiro parâmetros claros de desenvolvimento de cada aspecto: desenvolvimento cognitivo, etapas da aquisição da escrita, etapas do desenvolvimento do desenho, etc. Esses parâmetros de desenvolvimento vão nos dizer dos aspectos formais que a criança atingiu e se isso está de acordo com a sua idade. Por outro lado, há o conteúdo que se expressa e que se compreende. Isso remete não somente às vivências pessoais, às aquisições culturais e de conhecimentos, mas às próprias possibilidades simbólicas. Se alguém tem possibilidades de compreensão e expressão abaixo do esperado para a sua idade e utiliza formas também abaixo do que é esperado para sua idade, não temos necessariamente um problema de aprendizagem, mas um rebaixamento intelectual, mas se um dos aspectos está preservado e o outro defasado, estamos diante de um problema de aprendizagem. Espero que isso ajude ou que faça você começar a pensar nessa linha. Isso que estou falando pode deixar mais claro porque falaram de modalidade de aprendizagem no seu curso ou por que ofereceram determinados instrumentos de avaliação dos problemas de aprendizagem como o desenho e o relato de desenho, as provas de escrita, as provas de compreensão de leitura, as provas de raciocínio, etc.Finalizando e respondendo especificamente à sua questão sobre a diversidade dos problemas de aprendizagem e os menos comuns. É preciso ter em mente que muitas vezes as formas de problemas de aprendizagem são recorrentes, ou seja, se apresentam os mesmos problemas nas mesmas crianças, mas os motivos certamente não são os mesmos. Por isso, não basta descrever qual o problema de uma criança, mas é preciso, no mínimo, levantar hipóteses sobre as suas causas.
Como se dá o trabalho psicopedagógico na clínica?
A função do Psicopedadogo clínico é possibilitar que seu cliente recupere a capacidade de aprender. O diagnóstico psicopedagógico é o primeiro passo para conseguir este objetivo.
Para fazer o diagnóstico podemos utilizar de vários recursos tais como desenhos, jogos, atividades artísticas, além, naturalmente, de um levantamento sobre a história de vida do paciente. Em geral já nesta faze observamos uma mudança no comportamento da pessoa.
Durante a intervenção podemos utilizar os mesmos recursos do diagnóstico que serão selecionados de acordo com as dificuldades apresentadas.
Qual o papel do Psicopedagogo nas empresas (organizações) brasileiras? Qual a diferença entre a Psicopedagogia institucional (escola) e a empresarial?
Os desafios da aprendizagem, nos dias atuais, extrapolam o contexto da escola. Precisamos olhar a aprendizagem que acontece em outros setores: na família; nos centros de educação informal; nas Instituições que acolhem crianças e adolescentes abandonados, ou excluídos; nas Instituições de saúde, nas empresas e enfim em todos os diferentes contextos em que o indivíduo precisa se desenvolver, transformar, criar e aprender a viver e a adaptar-se criativamente a novas situações.
Por outro lado precisamos olhar os profissionais em qualquer contexto de atuação em que se acham desafiados a aprender cada vez mais para poderem se fortalecer e se desenvolverem integralmente como homens na sua atuação profissional, propiciando ao outro, na relação de ajuda, o seu desenvolvimento integral para se adaptar criativamente às condições existenciais em que se encontram.
Há um movimento contemporâneo muito saudável que instiga as Instituições cada vez mais a se humanizarem, abrindo espaços de convivência que propiciem aos seus integrantes profissionais e aos seus clientes condições de aprendizagem mais humanizadas. A proposta é possibilitar o desenvolvimento dessas pessoas de forma mais integrada do ponto de vista cognitivo e afetivo. Nos últimos anos têm se desenvolvido pesquisas e estudos psicopedagógicos, levando em conta as dificuldades de aprendizagem devido a interações de fatores cognitivos, afetivos, biológicos e culturais que estagnam o desenvolvimento cognitivo-afetivo do aprendiz.
Qual a situação atual no que se refere ao reconhecimento legal da profissão de psicopedagogia no Brasil?
Em 1997, o Deputado Federal Barbosa Neto, atendendo ao pedido de algumas psicopedagogas, criou o Projeto de Lei no. 3124/97 que dispõe sobre a regulamentação da profissão de Psicopedagogo, cria os Conselhos Regionais de Psicopedagogia e determina outras providências. Este projeto foi encaminhado à Comissão de Trabalho no dia 15/5/97 e aprovado pela mesma Comissão no dia 3/9/97. Após esta aprovação este Projeto de Lei foi encaminhado à Comissão de Educação, Cultura e Desporto onde permaneceu por quatro anos e também foi aprovado, com algumas emendas, no dia 12/9/01. Atualmente este P.L. está na Comissão de Constituição e Justiça e de Redação esperando pela sua aprovação. Caso seja aprovado (o que esperamos que aconteça), este P.L. irá para o Senado para a sua apreciação e, depois ser sancionada pela Presidente da República.
Gostaria de saber onde posso encontrar (para leitura ou download) o Projeto de Lei na 3124/97 na integra.
Você poderá encontrar o PL 3.124/97 entrando no site: http://www.camara.gov.br/

Perguntas retiradas do site da ABPP

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011


Se o disléxico não pode aprender do jeito que ensinamos, temos que ensinar do jeito que ele aprende.

DISLEXIA - Sugestões para os professores


A escola tem papel fundamental no trabalho com os alunos que apresentam dificuldades de linguagem.

Destaquei algumas sugestões que considero importantes para que ele se sinta seguro, querido e aceito pelo professor e pelos colegas.
• O Disléxico tem uma história de fracassos e cobranças que o fazem sentir-se incapaz. Motivá-lo, exigirá de nós mais esforço e disponibilidade do que dispensamos aos demais;
• Não receie que seu apoio ou atenção vá acomodar o aluno ou fazê-lo sentir-se menos responsável. Depois de tantos insucessos e auto-estima rebaixada, ele tende a demorar mais a reagir para acreditar nele mesmo;

MELHORANDO A AUTO-ESTIMA:
• Incentive o aluno a restaurar o confiança em si próprio, valorizando o que ele gosta e faz bem feito;
• Ressalte os acertos, ainda que pequenos, e não enfatize os erros;
• Valorize o esforço e interesse do aluno;
• Atribua-lhe tarefas que possam fazê-lo sentir-se útil;
• Evite usar a expressão "tente esforçar-se" ou outras semelhantes, pois o que ele faz é o que ele é capaz de fazer no momento;
• Fale francamente sobre suas dificuldades sem, porém, fazê-lo sentir-se incapaz, mas auxiliando-o a superá-las;
• Respeite o seu ritmo, pois a criança com dificuldade de linguagem tem problemas de processamento da informação. Ela precisa de mais tempo para pensar, para dar sentido ao que ela viu e ouviu;
• Um professor pode elevar a auto-estima de um aluno estando interessado nele como pessoa;
Nós não aprendemos pelo fracasso, mas sim pelos sucessos

ATIVIDADES:
• Certifique-se de que as tarefas de casa foram compreendidas e anotadas corretamente;
• Certifique-se de que seu aluno pode ler e compreender o enunciado ou a questão. Caso contrário, leia as instruções para ele;
• Leve em conta as dificuldades específicas do aluno e as dificuldades da nossa língua quando corrigir os deveres;
• Estimule a expressão verbal do aluno;
• Dê instruções e orientações curtas e simples que evitem confusões;
• Dê "dicas" específicas de como o aluno pode aprender ou estudar a sua disciplina;
• Oriente o aluno sobre como organizar-se no tempo e no espaço;
• Não insista em exercícios de fixação repetitivos e numerosos, pois isso não diminui a sua dificuldade;
• Dê explicações de "como fazer" sempre que possível, posicionando-se ao seu lado;
• Utilize o computador, mas certifique-se de que o programa é adequado ao seu nível. Crianças com dificuldade de linguagem são mais sensíveis às críticas, e o computador, quando usado com programas que emitem sons estranhos cada vez que a criança erra, só reforçará as idéias negativas que elas tem de si mesmas e aumentará sua ansiedade;
• Permita o uso de gravador;
• Esquematize o conteúdo das aulas quando o assunto for muito difícil para o aluno. Assim, a professora terá a garantia de que ele está adquirindo os principais conceitos da matéria através de esquemas claros e didáticos;
• "Uma imagem vale mais que mil palavras": demonstrações e filmes podem ser utilizados para enfatizar as aulas, variar as estratégias e motivá-los. Auxiliam na integração da modalidade auditiva e visual , e a discussão em sala que se segue auxilia o aluno organizar a informação. Por exemplo: para explicar a mudança do estado físico da água líquida para gasosa, faça-o visualizar uma chaleira com a água fervendo;
• Não insista para que o aluno leia em voz alta perante a turma, pois ele tem consciência de seus erros. A maioria dos textos de seu nível é difícil para ele;

Alunos disléxicos podem ser bem sucedidos em uma classe regular. O sucesso dependerá do cuidado em relação à sua leitura e das estratégias usadas.

DISLEXIA - O papel do psicopedagogo


A intervenção do psicopedagogo vai variar conforme o tipo de dislexia: fonológica, lexical ou mista.Sanchez fala de dois tipos de intervenção:
O primeiro, mais global, dirige-se à pessoa do disléxico e visa a três objetivos:
1º) levar o disléxico a reencontrar-se consigo mesmo. Através de mudanças no sistema motivacional, favorecer um controle emocional durante a leitura e auxiliar para que tenha uma boa imagem de si mesmo e consiga conviver com as dificuldades.
2º) possibilitar ao disléxico o reencontro com a leitura. Partindo de textos curtos, interessantes e lidos de forma conjunta, possibilitar que a leitura desperte, no disléxico, sentimentos positivos.
3º) criar redes com a escola e a família.

O segundo tipo de intervenção dirige-se aos déficits específicos do disléxico, auxiliando a melhorar a capacidade para operar com as regras que relacionam fonologia – ortografia e trabalhando a compreensão de textos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Dislexia, as muitas faces de um problema de linguagem

- Meu filho foi mal alfabetizado? ele é disléxico?
—Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem?
Problemas de aprendizagem são as múltiplas varetas de um amplo guarda-chuva.Dislexia é apenas uma delas, mas muito especial.É mais fácil conceituá-la através do que não é do que defini-la pelo que é.Com toda a certeza não é um problema de inteligência, tampouco uma deficiência visual ou auditiva, muito menos um problema afetivo-emocional. Então o que é ?
Dislexia é uma dificuldade específica de linguagem, que se apresenta na língua
escrita.
A dislexia vai emergir nos momentos iniciais da aprendizagem da leitura e da escrita, mas já se encontrava subjacente a este processo.É uma dificuldade específica nos processamentos da linguagem para reconhecer, reproduzir, identificar, associar e ordenar os sons e as formas das letras, organizando-os corretamente.
É certamente um modo peculiar de funcionamento dos centros neurológicos de linguagem. É frequente encontrar-se outras pessoas com dificuldades semelhantes nas
histórias familiares.
Dislexia , não é culpa de ninguém, nasce -se assim.O importante é aceitar a dislexia como uma dificuldade de linguagem que deve ser tratada por profissionais especializados. As escolas podem acolher os alunos com dislexia, sem
modificar os seus projetos pedagógicos curriculares. Procedimentos didáticos adequados possibilitam ao aluno vir a desenvolver todas as suas aptidões, que são múltiplas. Vale relembrar que os disléxicos estão em boa companhia junto a Leonardo da Vinci e Tom Cruise, Einstein e Nelson Rockefeller, Hans Christian Andersen e Agatha Christie, entre muitos outros.
O bom desempenho na leitura provém do equilíbrio entre o desenvolvimento das
operações da leitura, decodificação e compreensão, interagindo com os estágios de
desenvolvimento do pensamento e da linguagem. É necessário não esquecer a importância dos vínculos afetivos estabelecidos com a aprendizagem. Bons ou maus
vínculos são preditivos de sucesso ou fracasso, nesta jornada.
O sucesso da operação inicial de leitura, a decodificação, vai depender da habilidade
linguística para transformar um sinal escrito, a letra, num sinal sonoro, o som, e viceversa.
Associar letras e sons correspondentes, organizar, sequenciar e encadear esta corrente sonora, é o caminho percorrido para se apreender a palavra escrita.
Aqui mora a dificuldade do disléxico.
Quanto mais a leitura e escrita, são necessárias na vida escolar, mais a dislexia se
revela, sendo confundida, muitas vezes, com problemas gerais de aprendizagem.
As pessoas com dislexia tem dificuldades de aprendizagem, porque tem dificuldades
específicas de linguagem, não por dificuldades emocionais, lógico-operatórias ou sócioculturais.
As dificuldades de aprendizagem, presentes na dislexia, são alterações decorrentes
das dificuldades específicas no processamento linguístico, que tem a leitura e a escrita como suas ferramentas principais.
O valor da intervenção precoce, no caso de suspeitarmos da presença de fatores
disléxicos, fala por si mesma, mas só podemos considerar que alguém é disléxico, após
dois anos de vivências leitoras. Antes deste período podemos detectar "dificuldades oum transtornos de leitura", que já necessitam de cuidados especiais, numa postura preventiva.
Há muitos sinais, visíveis nos comportamentos e nos cadernos das crianças, que podem
auxiliar aos pais e educadores a identificar precocemente alguns dos sinais preditivos de dislexia. A dislexia pode estar associada à quadros de déficit de atenção (DDA), mas nem todo o déficit de atenção é acompanhado de dislexia. Citamos algumas dificuldades, tais como:
- demora nas aquisições e desenvolvimento da linguagem oral; dificuldades de expressão e
compreensão; alterações persistentes na fala;
- copiar e escrever números e letras inadequadamente;
-dificuldade para organizar-se no tempo, reconhecer as horas, dias da semana e meses do ano;
- dificuldades para organizar sequências espaciais e temporais, ordenar as letras do
alfabeto, sílabas em palavras longas, seqüências de fatos ;
-pouco tempo de atenção nas atividades, ainda que sejam muito interessantes;
-dificuldade em memorizar fatos recentes - números de telefones e recados, por exemplo;
- severas dificuldades para organizar a agenda escolar ou da rotina diária;
-dificuldade em participar de brincadeiras coletivas;
-pouco interesse em livros impressos e escutar histórias;
É preciso ter uma especial atenção com as crianças que gostam de conversar, são
curiosas, entendem e falam bem, mas aparentam desinteresse em ler e escrever. Vale a
pena, no caso de crianças leitoras, oferecer um mesmo problema matemático, escrito e
oral, e comparar as respostas. Frequentemente encontramos respostas diferentes, corretas na questão oral e incorreta na mesma questão escrita.
A mesma criança que parece não saber resolver um problema matemático por escrito,
poderá ter um desempenho surpreendente quando o mesmo problema lhe é apresentado
oralmente. Esta situação exemplifica como podemos confundir os sinais - a dificuldade não é na aprendizagem da matemática, mas na leitura.
A pessoa com dislexia não mereceria ser atendida na vida escolar através de seus
melhores canais de comunicação— a linguagem oral antecedendo a linguagem
escrita ? É um caso a pensar …
Mas a dislexia não é privilégio das crianças recém alfabetizadas, ou que estão na 1ª/2ª séries.
Há crianças que apesar de todas estas dificuldades, conseguem aprender a ler mas vão
carregando a sua dislexia camuflada.
Estas crianças, incompreendidas em suas dificuldades, muitas vezes são vistas como
desinteressadas, e cobradas com quantias que não têm como pagar. É quando podem
surgir as reações de apatia ou revolta.
Sempre nos dão sinais, é só seguir as pistas para melhor compreendê-los:
-dificuldades nas aquisições lingüísticas: dificuldades em reconhecer rimas e aliterações;
vocabulário reduzido; construções gramáticais inadequadas, severa dificuldade para
entender as palavras pelo seu significado ;
-dificuldade em fazer cópias, trabalhos e agendas incompletas;
-dificuldade na leitura, lê mas não entende o que leu;
-importantes dificuldades de organização sequencial tempo-espacial; seqüências e rotinas diárias;
-dificuldades em matemática, cálculos e desenhos geométricos;
-grande dificuldade para organizar-se em suas tarefas de vida diária;
-especial dificuldade para aprender uma segunda língua;
-confusões de orientação, trabalhar com dicionários e mapas é mais um complicador.
- alterações de comportamento - agressividade, desinterêsse, baixa auto-estima e até
mesmo condutas opositivas-desafiadoras.
Enfim, o disléxico não identificado, pode reagir a tantos obstáculos com comportamentos inadequados, que complicam ainda mais a sua vida.
Mesmo dando tantas pistas, o disléxico pode não ser reconhecido como tal e chegar à vida adulta carregando frustrações que o impedem de tomar conhecimento de suas habilidades, que certamente são muitas.
Felizmente já existem profissionais que estão atentos aos problemas da dislexia e tentando vir ao encontro desta população desassistida, através de associações, com objetivo de
ampliar as pesquisas, estudos e oferecer apoio às famílias, escolas e profissionais que atuam junto à estas pessoas portadoras de dificuldades específicas de linguagem escrita - a dislexia.
No Rio de Janeiro já está funcionando a AND - Associação Nacional de Dislexia, uma
associação sem fins lucrativos, constituida por profissionais de fonoaudiologia,
psicopedagogia, psicologia, que vêm prestando serviços de diagnóstico diferencial às
famílias e escolas da comunidade.
Importante é pensar a dislexia como uma modalidade peculiar de processamento da
linguagem, o que vem sendo cada vez mais pesquisado pelas ciências neuro-cognitivas,
tendo a linguagem como vetor.
A pessoa com dislexia, ou com fatores disléxicos, mereceria ser examinada e
acompanhada por profissionais especializados em linguagem, para que não venham a ser
confundidos os sintomas de distúrbios na linguagem com distúrbios de aprendizagem.
Vale lembrar —alguém não é apenas a dificuldade que apresenta, esta é só um detalhe de uma paisagem, rica, complexa e bela.

Autoria: Clélia Argolo Estill -Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica

Observação: este artigo foi publicado no jornal "OGlobo" - Jornal da Família

Dislexia - como os pais podem ajudar?


eu filho não está indo bem na escola. Ele é o primeiro a saber, mas não sabe o que fazer e como explicar o que acontece. Quanto mais o tempo passar sem que ele tenha ajuda, maiores serão suas dificuldades.


SEJA POSITIVO

•Descubra tudo que você puder sobre o desempenho de seu filho e os melhores caminhos para ele.
•Procure o profissional adequado para ajuda-lo. Pai e mãe devem participar juntos desta tarefa.

SEJA PACIENTE E PERSEVERANTE

•Tente desenvolver um bom relacionamento com seus professores e discuta se possível o problema com eles.
•Sempre se pergunte: “O que eu estou fazendo: estou ajudando meu filho ou somente estou dando vazão à minha frustração?”
•Tente ficar calmo ao receber alguma notificação escolar.
•Ensine seu filho a fazer coisas por si próprio, dando-lhe autonomia.
•Ensine a ele como se organizar, usando seu tempo da melhor maneira.
•Seja paciente com os progressos que ele fizer, quando estiver tendo atendimento apropriado. Não vão acontecer milagres. Tudo isto leva tempo. É necessário muita determinação e esforço.

SEJA ATENTO

•Ele poderá ter muitos desapontamentos como: ser chamado de bobo ou preguiçoso, chegar atrasado em compromissos, ter frustrações nos trabalhos escolares. Mas vocês como pais podem ajudá-lo a vencer a maioria deles, desde que percebam a tempo. Preste atenção nos sinais de stress, como enurese ou introversão. Não pense que necessariamente todos esses sinais são por causa da dislexia. Seu filho está crescendo e pode ter problemas como qualquer adolescente. Tem que haver uma intervenção gentil, mas com firmeza.
•Vários professores, psicólogos, clínicos e outros profissionais, de alguma maneira compreendem e são solidários aos disléxicos.
•Não o deixe desistir.
•Ele poderá ficar tão cansado com o esforço que faz na escola, que precisará, eventualmente, ter um dia mais folgado.
•Sua criança é disléxica e depende muito de sua atenção. Mas não dê mais atenção a ela do que aos outros membros da família.
•Nunca compare crianças.
•Você pode se tornar neurótico(a) ou super protetor(a), o que é um perigo.

SEJA PRÁTICO

•Qualquer que seja a idade de seu filho, leia para ele. Muitos disléxicos não compreendem o que estão lendo e é quando você deve agir.
•Digite suas anotações escolares.
•Algumas matérias podem ser gravadas em fita cassete.
•Desenvolva o interesse dele por arte de um modo geral ( teatro, música, arte e música ).
•Assista TV, vídeos com ele e depois converse sobre o que viram.
•Incentive as atividades livres.
•Elogie, motive, informe e estimule sua auto confiança e sua auto-estima.

BOTÕES E LAÇOS

•Não é simples ensiná-los a amarrar cordões em sapatos e a abotoar.
•Sapatos sem cadarços com elástico, ou velcro, podem diminuir o problema, apesar não o resolver.
•Uma pessoa canhota, exercita tarefas de maneira diferente da pessoa destra. Por isso se você e seu filho não usam o mesmo lado das mãos (a mesma lateralidade), você deve ensinar essas tarefas em frente a ele. Caso vocês usem o mesmo lado, isto é, ambos são destros ou ambos são canhotos, você deve ficar atrás dele para ensiná-lo.
•Para ensinar a abotoar, sempre comece da parte inferior do botão e não em cima, pois fica embaixo de seu queixo e ele não poderá ver bem.
•Explique à criança o que você está fazendo, enquanto está executando a tarefa.

Fonte: www.andislexia.org.br

Receba bem os novos alunos


Durante todo período de adaptação escolar, o professor não deve se preocupar com uma rígida execução do planejamento das atividades. Qualquer programação deverá ser alterada quando se fizer necessário, tanto em relação ao tempo, quanto ao conteúdo, desde que se note dificuldade ou desinteresse das crianças.
A adaptação escolar é um processo contínuo de mudança, crescimento, desenvolvimento e amadurecimento. É um momento em que os pequenos se deparam com duas situações delicadas: o ambiente desconhecido e a sua separação dos pais. Para muitas, essa é a primeira vez que se separam de seus entes queridos. É nesse momento também que acontecem as primeiras sensações de culpa, apreensão e alegria dos pais, influenciando de maneira significativa na maneira como eles se comportam frente à mesma.
O professor deve oferecer carinho, afeto e segurança, semelhante ao que a criança sente em sua casa, e fazendo com que a sua presença seja fundamental na vida de seus alunos.
Nas primeiras semanas as atividades deverão ser lúdicas e prazerosas, suprindo o processo de separação vivido pelas crianças e estimulando a individualidade e socialização por meio de músicas, danças, jogos e brincadeiras que possibilitem a interação dos alunos novos com os antigos.
Fotografe os primeiros dias de aula para que a criança possa rever sempre esses momentos.
Converse sobre o calendário, o tempo, a temperatura, fazendo disso uma rotina diária.
O primeiro dia...
As regras escolares devem ser estabelecidas e explicadas aos alunos logo no primeiro dia de aula. A vida na sociedade exige que se saiba lidar com leis o tempo todo. A vida familiar e escolar não são diferentes. Crianças que aprendem a respeitar as regras da família e da escola têm mais facilidade para se adequarem a limites, a serem mais colaboradoras e dispostas a competir. Por isso nos primeiros dias o professor deve juntos com a turma estabelecer as regras (combinados), que em geral, deve conter:
• Respeitar o direito dos outros;
• Cuidar do seu material e do de classe;
• Não subir em mesas e cadeiras;
• Cuidar da limpeza da sala, não jogando lixo ou papeis no chão;
• Não gritar dentro da sala, ficar em silêncio enquanto o professor fala ou conta história;
• Usar corretamente o banheiro: não jogar papel no vaso ou no chão, dar a descarga, lavar as mãos, etc.

A importância do brincar na vida da criança e no desenvolvimento infantil


“É no brincar, e talvez apenas no brincar, que cada criança ou adulto deixa friur sua liberdade de criação.”

Donald Woods Winnicott – Pediatra e Psicanalista

É maravilhoso observar uma criança brincando. A atividade lúdica produz entusiasmo, e a criança desafia seus limites, vence obstáculos, desenvolve a coordenação motora, o raciocínio criativo e a inteligência.
Sabemos que o lúdico interfere no desenvolvimento de uma criança, e ela aprende por intermédio da interação com o ambiente. Essa interação também é realizada com o ato de brincar, que faz com que a criança adquira mais confiança em si e aprimore seus conhecimentos.
Brincando, a criança desenvolve potencialidades e habilidades. Ela analisa, compara, nomeia, associa, classifica, cria, conceitua, deduz etc. Ela descobre o mundo e como ele funciona. Sua sociabilidade se desenvolve, faz amigos e aprende que existem regras que devem ser respeitadas.
Quando brinca com outras crianças, ela entende certos princípios da vida, como o de colaboração, divisão, liderança, obediência às regras e competição.
A brincadeira contribui para o processo de socialização das crianças, oferecendo-lhes oportunidades de realizar atividades coletivas livremente, além de ter efeitos positivos para o processo de aprendizagem e estimular o desenvolvimento de habilidades básicas e aquisição de novos conhecimentos.
Os jogos e os brinquedos fazem parte da vida das crianças, independente da época cultura e classe social, pois elas vivem num mundo de fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos, em que a realidade e o faz-de-conta se confundem.
A participação dos professores nesse processo é muito importante. Propor uma brincadeira pode se tornar um momento gostoso e prazeroso.
Ao conduzir uma brincadeira:

• Dê tempo para que a criança possa explorar o material, deixando que ela tente sozinha, mas estando disponível se precisar de ajuda;
• Estimule sua auto-estima; faça com que ela se sinta capaz de aprender, dando-lhe o tempo de que precisa;
• Encoraje suas manifestações espontâneas e permita que ela tome a iniciativa;
• Introduza propostas novas, estimulando a resolução de problemas;
• Escolha brinquedos adequados ao nível de desenvolvimento e interesse da criança;
• Aumente a dificuldade se notar que o jogo está fácil demais e reduza-a se estiver além do seu entendimento.

Estimule e participe da fantasia da criança, sente para rir junto com elas, despertando assim a esperança neles próprios e na vida futura.